terça-feira, 30 de junho de 2009

Teste interessante

A Cris solicitou que outras pessoas fizessem esse teste.
Eu tive dois resultados.
Um satisfatório e o outro vexamoso.
Eu odeio Martha Medeiros como escritora, com todas as minhas forças. Acho ela medíocre. É a auto-ajuda de toda a mulherzinha, no sentido mais pejorativo da palavra. Desculpas sinceras a todos os que apreciam a autora, mas ela é o Paulo Coelho de saias.

Então, segura que o resultado deu isso:

Antologia poética, de Carlos Drummond de Andrade
"O primeiro amor passou / O segundo amor passou / O terceiro amor passou / Mas o coração continua". Estes versos tocam você, pois você também observa a vida poeticamente. E não são só os sentimentos que te inspiram. Pequenas experiências do cotidiano – aquela moça que passa correndo com o buquê de flores, o vizinho que cantarola ao buscar o jornal na porta – emocionam você. Seu olhar é doce, mas também perspicaz.
"Antologia poética" (1962), de Drummond, um dos nossos grandes poetas, também reúne essas qualidades. Seus poemas são singelos e sagazes ao mesmo tempo, provando que não é preciso ser duro para entender as sutilezas do cotidiano.


Doidas e santas, de Martha Medeiros
Moderninha e solteira, ou radiante de véu e grinalda? Eis a questão da jovem (ou nem tão jovem) mulher profissional, cosmopolita e, apesar de tudo, muito romântica. Eis a sua questão! Confesse: quantas horas semanais você gasta conversando sobre encontros e desencontros sentimentais com as suas amigas? Aliás, conversando não. Analisando, destrinchando... Mas isso não quer dizer que você só questione a existência de príncipe encantado, não. A vida adulta hoje não está fácil para ninguém, como bem mostram as 100 crônicas de "Doidas e Santas" (2008), que retratam os sabores e dissabores da vida sentimental e prática nas grandes cidades.


Peraí que eu vou ali purificar a minha mente com um Nelson Rodrigues e já volto.
Hahaha. Eu já imaginei uma conversa do Nelson Rodrigues com a Martha Medeiros. Ela ia dar uns conselhos todos cheios de psicologia feminina de banheiro pra ele e ele ia dizer que ela tem cara de cavalo e deveria puxar carroça.

Começo a dar razão...

...para quem acha que não precisa de diploma pra ser jornalista.
Olha o que os que têm diploma fazem.
Espere carregar e pule direto pros 7:15.




O melhor do jornalismo gaúcho.

terça-feira, 23 de junho de 2009

Foi o cão que boto pa nóis bebê!

É bem isso. Nos deram um trago hoje em pleno expediente.
Champagne... rsrsrs!
Não vou dizer porque nem como, mas todo mundo bebeu.
O fato é que são 18:09 minutos e o meu mundo está girando.
Ainda bem que eu sou daquelas pessoas que, quando bebe, chama o superego de volta.
Então cá estou eu, fazendo uma coisa muito útil.
O meu texto do job tava assim assim e eu tô sem dados básicos para continuar.
Daí, eu fui procurar meu nome no Google.
Se você procura por Beatriz Severino Pinto Ribeiro, entre aspas, é lógico, você acha o quê?
Tão somente a minha monografia.
Se você procura por Beatriz Pinto Ribeiro entre aspas, você encontra muita coisa, mas não tudo. hahahaha! Bem-feito. Há que ser muito jornalista investigativo pra me achar de forma plena e satisfatória em todos os recantos da googlelândia. Há que ter diploma de Jornalista e especialização em investigação ou, no mínimo, muita psicopatia. Adouro!
Mas daí, você procura por Beatriz Ribeiro. Esse nome não é meu. vai ter mil coisas nada a ver comigo. Gente vil que me chama de Beatriz Ribeiro. Não sou, não sou!
Sou Beatriz Pinto Ribeiro, a única. Porque o Pinto não pode ser arrancado do Ribeiro. O Ribeiro sofre de inveja do Pinto da Beatriz!
Agora eu vou ali vomitar, licença...

...enganei você. A Dani Cadore que botou pra nóis bebê!
E eu não vou vomitar nada. Vou comer minha papinha de bebê de goiaba.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Retrocesso

E agora, Caco, que que nóis faiz?

Era só o que nos faltava...

STF derruba exigência do diploma para o exercício do Jornalismo
Em julgamento realizado nesta quarta-feira (17/06), o Supremo Tribunal Federal deu provimento ao Recurso Extraordinário RE 511961, interposto pelo Sindicato das Empresas de Rádio e Televisão de São Paulo. Neste julgamento histórico, o STF pôs fim a uma conquista de 40 anos dos jornalistas e da sociedade brasileira, tornando não obrigatória a exigência de diploma para exercício da profissão. A executiva da FENAJ se reúne nesta quinta-feira para avaliar o resultado e traçar novas estratégias da luta pela qualificação do Jornalismo.

Representantes da FENAJ e dos Sindicatos dos Jornalistas do RS, PR, SP, MG, Município do RJ, CE e AM acompanharam a sessão em Brasília. O presidente da Comissão de Especialistas do Ministério da Educação sobre a revisão das diretrizes curriculares, José Marques de Melo, também esteve presente. Do lado de fora do prédio - onde desta vez não foram colocadas grades - houve uma manifestação silenciosa. Em diversos estados realizaram-se atos públicos e vigílias.
Às 15h29 desta quarta-feira o presidente do STF e relator do Recurso Extraordinário RE 511961, ministro Gilmar Mendes, apresentou o conteúdo do processo encaminhado pelo Sindicato das Empresas de Rádio e Televisão de São Paulo e Ministério Público Federal contra a União e tendo a FENAJ e o Sindicato dos Jornalistas de São Paulo como partes interessadas. Após a manifestação dos representantes do Sindicato patronal e da Procuradoria Geral da República contra o diploma, e dos representantes das entidades dos trabalhadores (FENAJ e SJSP) e da Advocacia Geral da União, houve um intervalo.
No reinício dos trabalhos em plenário, às 17h05, o ministro Gilmar Mendes apresentou seu relatório e voto pela inconstitucionalidade da exigência do diploma para o exercício profissional do Jornalismo. Em determinado trecho, ele mencionou as atividades de culinária e corte e costura, para as quais não é exigido diploma.
Dos 9 ministros presentes, sete acompanharam o voto do relator. O ministro Marco Aurélio votou favoravelmente à manutenção do diploma.“O relatório do ministro Gilmar Mendes é uma expressão das posições patronais e entrega às empresas de comunicação a definição do acesso à profissão de jornalista”, reagiu o presidente da FENAJ, Sérgio Murillo de Andrade. “Este é um duro golpe à qualidade da informação jornalística e à organização de nossa categoria, mas nem o jornalismo nem o nosso movimento sindical vão acabar, pois temos muito a fazer em defesa do direito da sociedade à informação”, complementou, informando que a executiva da FENAJ reúne-se nesta quinta-feira, às 13 horas, para traçar novas estratégias de luta.
Valci Zuculoto, diretora da FENAJ e integrante da coordenação da Campanha em Defesa do Diploma, também considerou a decisão do STF um retrocesso. “Mas mesmo na ditadura demos mostras de resistência. Perdemos uma batalha, mas a luta pela qualidade da informação continua”, disse. Ela lembra que, nas diversas atividades da campanha nas ruas as pessoas manifestavam surpresa e indignação com o questionamento da exigência do diploma para o exercício da profissão. “A sociedade já disse, inclusive em pesquisas, que o diploma é necessário, só o STF não reconheceu isso”, proclamou.
Além de prosseguir com o movimento pela qualificação da formação em jornalismo, a luta pela democratização da comunicação, por atualizações da regulamentação profissional dos jornalistas e mesmo em defesa do diploma serão intensificadas.

Fonte: FENAJ (Federação Nacional dos Jornalistas)

Agora a capa do Terra e os programas de TV estão condenados de vez às popozudas.
Retrocesso total! Se isso acontecer, quero meu dinheiro investido na faculdade de volta.

"Oin, gentén! Eu sou Jornalista, com G!"

Salvapantallas

Eba, ele vem aí...Tengo tu voz,
tengo tu tos,
oigo tu canto en el mío.

Rumbos paralelos,

dos anzuelos
en un mismo río.


Vamos al mar,
vamos a dar
cuerda a antiguas vitrolas.

Vamos pedaleando
contra el viento,
detrás de las olas.

Tengo una canción
para mostrarte,
talvez cuando vaya...

Tengo tu sonrisa
en un rincón
de mi salvapantallas.

Años atrás
de pronto la casa
se llenó de canciones.

Músicas y versos
que brotaban
desde tantos rincones.

Vamos al mar,
vamos a dar
guerra con cuatro guitarras.

Vamos pedaleando
contra el tiempo,
soltando amarras.

Brindo por las veces
que perdimos
las mismas batallas.

Tengo tu sonrisa
en un rincón
de mi salvapantallas.


domingo, 14 de junho de 2009

Cancerianas em chamas

Quase sempre menosprezado, o meu signo me enche de orgulho quando bem analisado.
Para quem acredita e para quem não acredita, eis uma prévia do melhor e do pior de mim:

Nenhuma mulher consegue ser mais apaixonada, romântica e devotada ao parceiro do que a canceriana! Ela sempre estará presente para sufocá-lo com seus beijos apaixonados ou envolvê-lo em um abraço quente e gostoso! Carinho e atenção nunca são poucos quando se trata de agradar seu amor. Nos dias de frio ela cobrirá suas pernas com um cobertor bem grosso e se deitará ao seu lado para assistirem televisão. Quando sentir que seu companheiro está triste, fará de tudo para agradá-lo e não faltarão palavras de incentivo e encorajamento. Poucas são as mulheres deste signo que costumam reclamar dos maridos ou namorados. Não que elas achem que são perfeitos ou que sejam cegas para seus defeitos! Elas simplesmente preferem guardar os defeitos dentro de quatro paredes e exaltar suas qualidades. Se ela começar a criticar seu parceiro é porque está muito magoada e ferida. Quando estão apaixonadas, as mulheres de câncer costumam falar de seus amados a maior parte do tempo.

Há duas maneiras distintas pelas quais a canceriana costuma agir quando está apaixonada. Na primeira, ela se apresenta tímida, delicada e feminina. Na segunda ela é mais ardente direta e agressiva. Nestas horas ela fará de tudo para conquistar seu homem, não medindo esforços para agarrá-lo. Pode esquecer a moça tímida e comportada quando a canceriana resolve atacar. Ela vai parecer mais uma leonina do que uma moça do signo da lua.
Existem algumas coisas que jamais devemos fazer quando se trata dela. Ela odeia ser criticada, fica profundamente magoada com ingratidão e não suporta ser repelida. As feridas criadas por um amor que acabou, podem deixá-la tão deprimida que levará anos para esquecer totalmente o que aconteceu. Esta mulher se entrega por inteira, dedica todo seu amor sem saber o que significa limites, faz qualquer sacrifício para ficar ao lado de quem ama, e não suporta a dor de uma perda sem sentir que acabou de perder uma parte de si.

Também não leia seu diário ou vasculhe suas coisas em busca de segredos que ela guarda do mundo. A canceriana gosta de guardar segredos e não são muito de fazer confissões. Para ela, segredos são segredos e não devem ser mostrados. Para tirá-la do sério basta invadir suas intimidades.
Ela é muito ciumenta e possessiva. Nunca brinque com seus sentimentos se quiser viver em harmonia e não ganhar uma inimiga. Apesar de parecer inofensiva, a canceriana pode ser muito pior que a mulher de escorpião quando se sente traída! Ela pode perdoar muitas coisa, mas a traição não é uma delas. Todo aquele amor morre e se transforma em ódio da noite para o dia!
Esta mulher quase sempre costuma se preparar para o pior: se o dia está claro, ela já imagina se uma tempestade virá.

Outra coisa que deve se preocupar é com suas crises de depressão. Esta mulher pode ser linda e maravilhosa, ter um rosto e um corpo fantásticos, mas mesmo assim não será raro presenciar uma de suas crises onde se julga gorda e velha! Quando as coisas não acontecem como ela quer, pode derramar rios de lágrimas. Porém, sua atitude mais comum será cruzar os braços e aguardar que as coisas voltem ao normal. A paciência é uma de suas virtudes mais admiráveis. Mas, se sua depressão for muito profunda, você tem que arranjar um jeito de tirá-la de si mesma. Se palavras de carinho e incentivo não derem resultado, tente dar um grito e socar a mesa para ver como ela se recupera rapidinho! Tudo bem que ela vai ficar com raiva o dia todo, mas é melhor do que vê-la amuada durante todo um ciclo da lua minguante!

Mas não se deixe enganar por esta mulher que muitas vezes parece ser frágil e carente. Ela sabe muito bem cuidar de si mesma e pode ser tão forte e determinada quanto uma mulher de Áries! A mulher de câncer nunca é fraca, só escolhe fazer este papel de donzela. No fundo ela é uma guerreira que se revela uma vencedora nos momento em que tem que enfrentar o mundo! Muitas pessoas que pensam que podem vencê-la facilmente, acabam tendo uma péssima surpresa quando percebem que acabam de comprar uma briga com uma mulher fria, forte e determinada! Se a canceriana entrou em uma briga foi para ganhar, não para fazer figuração!
Ela jamais se deixará abater quando as coisas ficarem realmente ruins, e parecerá mais um rochedo do que uma donzela frágil. Se algo ameaçar os filhos ou aqueles a quem ama, esta mulher se tornará uma fera pronta para enfrentar o mundo! Seu afeto e compreensão sempre serão a força revigorante que todos precisam quando estiverem deprimidos ou fracos. A canceriana sabe como ninguém levantar a moral de alguém, pois conhece todos os caminhos que levam à alma.

Outra coisa que as cancerianas possuem é um certo magnetismo, uma beleza que enfeitiça o mais duro coração. Elas costumam ser belas naturalmente sem precisar fazer uso de muitos acessórios ou truques femininos. Por mais linda que seja, seu rosto sempre será mais evidente que seu corpo porque ele sempre irradia luz. Por ser um signo de água e regida pela lua, sempre parecerá muito mais bela sob os raios da lua cheia. Quando um homem fala sobre a beleza de sua mulher de câncer, ele nunca saberá explicar se ela é exterior ou interior. Afinal, o que pode ser mais belo, um corpo deslumbrante ou uma alma de Deusa?

Cancerianas Famosas: Liv Tyler, Gisele Bündchen, Pamela Anderson, Isabeli Fontana, Ellen Roche, Grazi Massafera, Ana Paula Arosio, Marisa Monte, Luize Altenhofen, Renata Fan, Lady Di, Debbie Harry, Meryl Streep, Lindsay Lohan, Jessica Simpson.
E Beatriz Pinto Ribeiro! Vai encarar?

terça-feira, 9 de junho de 2009

Broken-Hearted Rambo

O Ministério da Saúde Adverte: Texto com alto teor de personagens fictícios, baseado em fatos reais.

Eu achava que eu era top em relacionamentos bizarros, mas daí, eu abri meus ouvidos para o rapaz que é literalmente o Broken-Hearted Rambo. E ele me mandou isso aqui, para ajudar a entender alguma coisa sobre o que eu antes chamei de obtusidade masculina.
Trocando em miúdos, o homem não sabe mais como ser homem. Ok, e eu com isso? Eu não quero ser mãe de ninguém, nem terapeuta, nem guru. Minha mente é simples, eu só quero amar e ser amada e trabalhar, ganhar dinheiro, viajar, compartilhando as coisas boas e ruins com uma pessoa que queira o mesmo. Simples assim.
Eu não queimei sutiã, eu não propus a revolução feminina. Não é culpa minha que os homens querem ser o Indiana Jones e não conseguem ser nem o Robin na sua própria cozinha.
Tudo bem, eu também não sou a Mulher-Maravilha, muito menos a Cinderela. Eu não sou perfeita nem física nem psíquica nem intelectualmente. Eu tenho TPM, unhas fracas, vontade de comer chocolate, queda de cabelo no outono, ciúme, infantilidade, dores, sensibilidades, fraquezas. Eu tento fazer meu melhor, mas se meu melhor não basta para os Indianas Jones, então, me desculpem, mas eu vou me juntar às Charlie's Angels.
Não, meu querido: a popozuda independente e sem apegos que você vê e quer não existe. Assim como não existe o Matthew Maccagoney (eu não sei escrever o nome dele) que eu queria. A amiga-prospecto do Orkut que é descolada, chegada num relacionamento aberto, coxuda e tetuda vai chorar também. E menstruar. E não vai gostar do scrap que a sua outra amiga deixou.
O fato é que não é mais uma guerra dos sexos. Não, meus amigos homens sofrem também - e os melhores admitem. Também conheceram Mulheres-Maravilhas indecisas, obtusas e com uma facilidade enorme de magoar os outros.
O fato é que, para quem ainda acredita no afeto, não é simples. Nobody said it was easy. Mas quem acredita em alguma coisa, no meu dicionário de pessoas, costuma ir atrás do que acredita. Não tem vergonha de parecer uma idiota com duas malas na mão e um travesseiro, indo atrás do que poderia lhe fazer feliz.
Eu não me importo com o Matthew Macagoney dos meus sonhos não existir. Eu me importo em não existir iniciativa dos Robins de cozinha. Porque você pode nunca chegar a Batman, mas todo mundo tem a capacidade de conseguir fazer alguém feliz. Nem que seja por um final de semana.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

sábado, 6 de junho de 2009

Come on down to my ocean town



Saudade de sentar e ficar olhando o mar da Pinheira.
Pior que eu não tenho nem feriadão para fazer isso. :(

ocean take me to your shore.
I haven't seen you in so long, so long
wind-blown sand on my skin
Oh what I'd do to feel you again... again

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Do que você brincava?


A Guiga, sem querer, praticamente me intimou a relembrar como eram minhas brincadeiras de infância. Em um texto maravilhoso para uma jornalista que não sabe bem se é jornalista ou designer, a minha belíssima amiga conta sobre o mundo perfeito de seus brinquedos.

Eu achava as Susies mais bonitas que as Barbies e tinha várias. Elas costumavam viver uma rotina na qual intercalavam acrobacias, confecção de roupas glamurosas, sexo selvagem, enforcamentos e até enterros.

Os parceiros sexuais das moças eram os Feijoezinhos, o Beto, que também era o cabeleireiro delas, os Falcons do meu primo e, principalmente, o mergulhador sem olho, que pegava elas enquanto elas nadavam peladas na piscina (que era a banheira da minha casa).

Para desespero da minha avó Nancy, um dia uma Susie apareceu enforcada em uma árvore da nossa casa de praia. Não podia explicar pra minha avó que ela era uma vítima do convento das freiras assassinas, no qual duas das irmãs eram, na verdade, um casal de psicopatas disfarçado – o Beto e a Susi Portuguesa.

Antes das Susies serem meu brinquedo predileto, elas eram cobaias de minhas experiências com objetos cortantes. Eu devia ter uns três anos quando decepei a minha Susi mais linda com uma faca de cerrinha de ponta redonda.

Mas minhas tendências destrutivas foram diminuindo com o tempo e, aos doze anos, eu era uma zelosa mãe de duas bonequinhas de papel, a Simone e a Patrícia, que tinham um guarda-roupa de fazer inveja à Adriane Galisteu e até pranchas de surf perfeitinhas, que eu confeccionava com isopor e papel contact.

Bonecas-crianças nunca foram para brincar, na minha opinião. Eu as tratava com a seriedade com que se tratam pessoas de verdade, sempre cuidei, penteei, mudei de roupa e dei algumas lições de moral: principalmente na Beijoca, que era e ainda é da Berê.

Não me envergonho de dizer que ainda tenho todas as minhas bonecas, inclusive as de papel, e muitas vezes me pego beijando uma a uma antes de dormir.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

O braço da vacina


Eu sei que sumiu um avião. Eu sei que é uma tragédia sem precedentes, que tinha conhecidos da minha família no vôo.
Eu sei que tenho uma campanha e uma revista e uma reportagem para fazer.

Mas agora eu quero falar de um episodeozinho da minha infância.
Não que tenha nada a ver, mas aproveitando que já disseram que eu não ando escrevendo bem mesmo - daí eu tenho que lembrar que escrever bem nunca foi a proposta desse blog, ele surgiu lá em 2002 como uma espécie de lugar para purgar algumas misérias do meu dia-a-dia -, eu vou contar essa historinha. Ela não tem final nem moral, mas acho que ela define muito o nonsense da vida.

Eu tinha 5 anos, acho.
Era uma aluna vítima de bullying do Jardim de Infância - o bullying na minha vida só acabou na oitava série.
Daí, estava na época das vacinas, aquelas que ajudam as pessoas a definir qual é o braço esquerdo e qual é o direito e eu não lembo mais em que braço fica e está frio demais para eu ir ali olhar.
E, como minha escolinha era uma escolinha de infantes delinqüentes, mesmo que fosse particular, havia um jogo que era dar um soco no braço da vacina para ver o colega morrer de dor e chorar e todo mundo poder chamar o coitado de chorão.
Depois de muito levar socos sem chorar, a pequena Beatriz foi surpreendida por um coleguinha que pedia: Dá um soco no meu braço. E eu dizia: não, eu não sei dar soco.

Mas eu tô mandando.

Mas eu não posso. Vai machucar.

Mas eu tô mandando. Se tu não der, eu dou um soco no teu.

"mais um", eu pensei. E, agora com medo da dor que já estava insuportável, eu dei o soco.

O menino reclamou para as inspetoras, e eu fiquei de castigo num banquinho.
Eu sabia que isso ia acontecer, mesmo sendo injusto.
O que eu não sabia que ia acontecer era uma menininha bem pequeninha, junto com outro menino bem pequeninho, se sentarem, um de cada lado, me darem as mãos e não sairem dali enquanto meu castigo não acabasse.

Essa foi a primeira vez que eu me lembro de chorar até desidratar.